A volta de Luisa Brunet na Lavagem da Sapucaí. Sempre rainha.

NO SOLO SAGRADO 100 ANOS DO SAMBA

Em terra de bamba, escolas clamam às forças celestiais no centenário do samba na disputa do título de mais um carnaval carioca.

Texto e fotos de Valéria del Cueto

Se o Rio de Janeiro é a Meca do turismo no período de carnaval, o Desfile das Escolas de Samba, na Sapucaí, é a sua Caaba. Local de peregrinação necessária e indispensável na vida de sambistas e foliões apaixonados onde se reúnem, numa festa pagã e profana, adeptos de praticamente todas as correntes celestiais. O Sambódromo Darci Ribeiro é um espaço de exaltação e elevação, acredite!

Na Lavagem da Sapucaí com arruda, incenso, atabaques, cantoria e muito axé, após uma cerimônia ecumênica, a imagem de São Sebastião, padroeiro do Rio, abriu o cortejo embalado por sambas de enredo tradicionais.

Um novo tempero foi acrescentado à festa esse ano. A bateria da lavagem ganhou sua rainha. Mais uma você dirá… Não. Ela! Luísa Brunet novamente atravessou gloriosa a passarela, aplaudida pelas arquibancadas.  No fim do desfile a presença no Bonde da Alegria da professora Lígia Santos, neta de Donga, autor do samba “Pelo Telefone”, com o jornalista Mauro Almeida, homenageava os 100 anos do samba comemorados em 2016.

Alguma dúvida das boas e celestiais intenções da maior festa popular do planeta esse ano? Elas acabam já na entrada da escola que desde 2007 está fora do Grupo Especial, mas por ser a primeira, é essencial nesse desfile. A Estácio de Sá se apega ao mais carioca dos santos e evoca São Jorge Guerreiro e seus devotos no enredo dos carnavalescos Amauri Santos, Chico Spinosa e Tarcísio Zanon, “Salve Jorge! O Guerreiro na fé.”

Como não falar de Olimpíadas no ano que o Rio de Janeiro sediará o evento? Conclamando os deuses do Olimpo e dos jogos esportivos que os homenageavam, a  União da Ilha traz o enredo“Olímpico por natureza. Todo mundo se encontra no Rio”,  de Jack Vasconcelos e Paulo Menezes. Difícil os seres mitológicos não ouvirem lá de cima a voz incrível de Ito Melodia, sempre destaque entre os intérpretes.

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Na Beija-Flor Laíla muda a estética para facilitar a evolução dos componentes

A Beija-Flor vem buscar o bi lembrando quem dá nome ao trajeto mais esperado do carnaval:“Mineirinho Genial! Nova Lima – Cidade Natal. Marquês de Sapucaí – O Poeta Imortal!”. Laíla e a comissão de carnaval de Nilópolis apostam em fantasias mais leves e carros menores para permitir a evolução dos componentes. Bem apropriado para a realidade do carnaval carioca da crise.

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Santos e Pelé em busca do campeonato tão almejado da Grande Rio

É a falta de água que leva a Grande Rio – em busca do seu primeiro título – até o Rei Pelé,ídolo do futebol, do e de Santos. A comunidade de Caxias vem pisando forte na viagem do carnavalesco Fábio Ricardo no tema “Fui no Itororó beber água, não achei. Mas achei a bela Santos, e por ela me apaixonei…”

Depois de arrasar com a gigantesca águia da Portela que entrou para a história do carnaval ano passado, Alexandre Louzada se alia a Edson Pereira, diretor artístico, para apresentar naMocidade Independente, pós apocalipse de Paulo Barros, “O Brasil de La Mancha: Sou Miguel, Padre Miguel. Sou Cervantes, Sou Quixote Cavaleiro, Pixote Brasileiro”

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Juliana Alves semeando sorriso na Unidos da Tijuca

A noite se encerra com presença mato-grossense na passarela no enredo de Mauro Quintaes, Annik Salmon, Hélcio Paim e Marcus Paulo, da Unidos da Tijuca. Pelo título dá para deduzir o município festejado pela escola do Borel: “Semeando sorriso, a Tijuca festeja o solo sagrado”. Vamos ver se a saudação tijucana que diz “Salve a mãe natureza, a luz da riqueza, o dono da terra…” ajuda a quebrar a escrita de que a escola campeã costuma desfilar na segunda-feira.

Será? Amanhã tem mais…

*Valéria del Cueto é jornalista, fotógrafa e gestora de carnaval. Essa crônica faz parte da série “É carnaval”, do SEM   FIM…  delcueto.wordpress.com

 
E1- ILUSTRADO - SABADO 06-02-2016

Edição Enock Cavalcanti

Diagramação Nei Ferraz Melo

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