Sambista: uma aventura legal pra cachorro

Texto de Valéria del Cueto

O tempo que levei para escrever sobre o livro A Escola do Cachorro Sambista, de Felipe Ferreira, com ilustrações de Marina Massarani, da editora Ática pode servir como ponto favorável na avaliação da publicação.

O livro foi lançado antes do carnaval, numa livraria do Leblon e, como no dia do evento não tive como comparecer, enviei uma embaixada infanto-juvenil para me representar e trazer meu exemplar autografado pelos autores.

Isso foi antes da temporada de folia. De lá para cá, férias, viagens, volta às aulas e muitos outros eventos impediram que Sambista e sua escola de samba chegasse ás mãos sua legítima dona, no caso, esta que vos escreve. A verdade é que foram necessárias várias “intimadas” até que o resgate da obra se concretizasse.

 Nesse tempo o assunto nunca caiu no esquecimento por uma razão bastante prosaica. Nos carnavais por onde andei no Rio e em Uruguaiana, sempre havia um componente da ala dos cachorros sambistas abanando o rabo e fazendo pose para me lembrar da operação “cadê o meu livro?”

 Água mole em pedra dura, uma ameaça aqui, uma promessa de um fim de semana na casa da tia acolá, e eis que consegui, finalmente, botar a mão no objeto do meu desejo.

Enquanto o final de semana movido a vídeos pipoca e miojo não terminou, Natália, minha sobrinha pré adolescente, não passou a bola. Principalmente depois que chamei a atenção para a riqueza dos detalhes das ilustrações que contam “outras histórias” dentro da estória narrada por Felipe Ferreira.

 Foi essa atitude que me fez perguntar á Luisa, representante oficial da faixa infantil, por que não havia se interessado tanto quanto a irmã mais velha pelo livro. Ela me disse que era por que não tinha estória, como ela gostava. 

“Tia, o livro mostra um lugar, mas não tem estória acontecendo ali”, sentenciou. “Eu li rápido por que foi só um passeio. Quando tiver uma estória que aconteça ali eu vou gostar mais ainda. Diz para seu amigo escrever uma estória com Sambista que aconteça naquele lugar. Que, agora, eu já conheço…”

Bom, acho que o recado está dado. E a tarefa dos autores, cumprida numa primeira etapa, está apenas começando…

De minha parte, quero comemorar a descoberta de um grande filão para a literatura infanto-juvenil, assim como parabenizar a dupla pela sacação de fazer do carnaval literário uma arte visual, uma literatura de imagens, como ele.

Também acho que os textos laterais, com informações sobre personalidades e acontecimentos do mundo carnavalesco poderiam ter um visual mais apurado. As fotos ficaram muito pequenas e escuras. Por isso, perdem como atrativo diante das cores vibrantes do restante do espaço nas respectivas páginas.

 Mas esses são apenas pequenos detalhes a serem observados (ou não) nas próximas aventuras do Cachorro Sambista que Natália, Luisa e eu esperamos para muito breve.

Valéria del Cueto é jornalista, cineasta, gestora de carnaval e senhora do Sem Fim…

delcueto.cia@gmail.com

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