As fotos do álbum Mangueira 2015, a bateria no desfile, por Valéria del Cueto, no Flickr
Desde o início da preparação do Carnaval 2015 acompanho os trabalhos da #primeirala, a bateria da Mangueira, liderada pelos Mestres Vitor Art e Rodrigo Explosão. Os #meninosdamangueira compõem sua diretoria.
Domingo, 21 de fevereiro, comecei meu registro da bateria duas horas antes de sua apresentação. A chuva caía desde antes da passagem da Viradouro,responsável pela abertura da primeira noite de desfiles das Escolas de Samba do Grupo Especial, no Sambódromo Darci Ribeiro, na Marques de Sapucaí, centro do Rio de Janeiro.
O espaço embaixo do viaduto que corta a Av. Presidente Vargas, antes do Balança-mas-não-cai, transformou-se no ponto de concentração pela proteção contra o dilúvio. Ali ficaram: numa pista a Comissão de Frente, incluindo seu tripé, baluartes e a cabeça da escola e, na outra,as porta-bandeiras, destaques, musas da Mangueira e da Viradouro, o caminhão da bateria com os instrumentos e os ritmistas. Mergulhei nesse universo.
Os ritmistas da Primeira Ala vestiram suas indumentárias enquanto eram colocados, na chuva, os instrumentos em suas posições, de acordo com o mapa. O trabalho era supervisionado pelo Mestre Vitor Art. Acompanhei a tensão da montagem da bateria, a preocupação com a proteção das cuícas contra a água com plásticos e toucas de banho. As plumas cor-de-rosa dos chapéus dos instrumentistas serviram de medida para verificar a intensidade das chuvas. Começaram fofas e altaneiras, em minutos estavam ensopadas e encolhidas. Depois, a tinta usada para o tingimento começou a escorrer…
Foi assim que a bateria entrou no setor 1 e saudou as arquibancadas lotadas. Se eles, os torcedores, estavam ali sem arredar pé para saudar a verde e rosa cabia a rapaziada retribuir tanta dedicação e paixão. “Eu sou Mangueira, eu sou Mangueira sim, eu sou Mangueira e esse amor nunca tem fim”.
Fotografar, tentar não atrapalhar os ritmistas, proteger o equipamento e deixar que toda aquela energia dominasse os registros até a entrada no primeiro recuo foi uma epopeia. Daqueles momentos que você sabe que pode ser único…
Saí dali passando por Evelyn Bastos, a rainha de bateria, para fazer a abertura da escola: Comissão de Frente, a apresentação do mestre sala e da porta bandeira, as baianas e o abre-alas nos dois primeiros módulos de julgamento. Corri para a torre da TV no final da pista para as fotos da escola inteira na Avenida.
O próximo registro da bateria começou a ser feito depois da entrada no segundo recuo. Da torre em diante entrei novamente entre os ritmistas e acompanhei a emoção de todos.
Se, na entrada da Sapucaí as expressões eram tensas, entre a torre e a Apoteose em os semblantes estavam mais relaxados. O calor da energia da bateria que embaçava as lentes da câmera havia tirado o peso extra da água. A moçada tirava onda, sob os aplausos entusiasmados do público nas arquibancadas.
Os Meninos da Mangueira estavam batizados. Pelo fogo da enorme responsabilidade de conduzirem da bateria verde e rosa e pela água divina, que fez de sua passagem pela Sapucaí, um novo e emocionante capítulo da história mangueirense.
Tem que respeitar…
– A Bateria da Mangueira teve dias notas 9,8 e duas 9,9 dos jurados da Liesa.
– Recebeu do músico ED Motta, por uma rede social, a seguinte avaliação: “Bateria da Mangueira ontem, um primor. A divisão dos tamborins complexa, milhares de desenhos rítmicos. Adorei os 6/8 afros que apareciam de vez em quando. Assisti quase tudo, musicalmente foi a melhor, disparada. Respect”
– Clique AQUI para acessar o registro completo do desfile da Mangueira, por Valéria del Cueto, no FLICKR
*agradeço a Bateria da Mangueira, seus mestres, diretoria, todos os ritmistas e a Nova Guarda Consultoria a confiança e o privilégio de poder fazer esse registro. Muito obrigado!